quarta-feira, 31 de março de 2010

EXPOSIÇÃO DE ALAIR GOMES ÚLTIMOS DIAS

A Exposição de Fotografia com 130 fotografias inéditas de ALAIR GOMES, fica aberta aó
público somente até o dia 9 de Abril, em São Paulo

EXPOSIÇÃO REÚNE 130 FOTOS INÉDITAS DE ALAIR GOMES COM CURADORIA DE MIGUEL RIO BRANCO
Após temporada em Paris e no Rio de Janeiro, a exposição "A New Sentimental Journey"( Uma Nova Viagem Sentimental) apresenta do fotógrafo e crítico de arte Alair Gomes conhecido por seus famosos registros de rapazes nas praias cariocas.

Concebida originalmente para a famosa Maison Européenne de La Photographie em Paris, sob curadoria de Miguel Rio Branco, e recém-editada em livro pela Cosac Naify e a MEP, a mostra apresenta imagens inéditas produzidas por Alair Gomes durante uma viagem à Europa entre os meses de Agosto e Outubro de 1983.


Com as lentes voltadas para esculturas masculinas, mais especificamente greco-romanas e renascentistas, o artista lança sobre o tema o mesmo olhar erótico que dedicava ao registro obsessivo de jovens corpos masculinos nas praias do Rio de Janeiro- tema que foi abordado na mostra da Fundação Cartier, em Paris, que o consagrou internacionalmente como artista em 2001 . Foram tiradas mais 700 fotos de esculturas de museus da Inglaterra, França, Suíça e Itália - incluindo uma longa série com o Davi de Michelangelo, que após a seleção e edição de Rio Branco- o fotógrafo brasileiro de maior prestígio no circuito internacional- resultou na exposição de 130 fotos que agora é apresentada pela primeira vez ao p úblico de São Paulo. Jean-Luc Monterosso, diretor da Maison Européenne da la Photographie, destaca que Rio Branco, ao ordenar e sequenciar essas fotos ainda dispersas de Alair Gomes, faz uma verdadeira criação, trazendo "um exemplo perfeito da contribuição que o olhar de um artista pode trazer à obra de outro".

Encontradas em meio à documentação pessoal do artista por sua irmã Aíla Gomes, as imagens presentes na exposição reforçam a tese de que, para o fotógrafo, não importava se o seu objeto de adoração era de carne e osso ou de pedra. "O erótico precede a arte, independente do objeto fotografado", afirmava. Em ambos, a manifestação da divindade, do sagrado que toma a forma de Eros, estava presente para Alair. Para Fabio Settimi, idealizador da mostra, "... a ênfase no erótico masculino é - conceitualmente - idêntica à percebida nas célebres séries expostas em Paris em 2001, na Fondation Cartier, de rapazes no Rio."

Na Europa
As fotografias ocuparam a Maison Européenne de La Photographie em Paris, durante os meses de junho e agosto de 2009, e o Paço Imperial no Rio de Janeiro- entre outubro e novembro, mantém a estrutura discursiva cinemática do fotógrafo, que organizava suas imagens em grupo ou sequências, possibilitando a criação de cadências, significados e ritmos, ao feitio dos movimentos de uma composição musical. Não por acaso, as suas mais famosas obras foram batizadas por Alair como "sonatina".

A visita do fotógrafo à Europa, além das fotografias, rendeu um texto de viés filosófico, na forma de um diário, escrito em inglês e batizado pelo próprio com o nome que dá o título da exposição. Com a intenção de contextualizar para o espectador o momento da criação do artista, trechos desse material serão exibidos na Galeria Bergamin junto com as páginas dos originais e alguns cadernos com anotações da viagem. Pelo mesmo motivo, estarão presentes uma das sonatinas e o famoso Tríptico de Praia n° 20. A primeira ilustra o padrão de sequenciamento de imagens do artista, enquanto o segundo revela as mesmas angulações e cortes utilizados mais tarde por ele no registro das esculturas.

Em vida, Alair Gomes só conseguiu realizar uma exposição individual. A quase totalidade de seu acervo- cerca de 170 mil negativos e 16 mil fotos- foi doado pela irmã à Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. O restante está presente em coleções particulares, em grande parte nas coleções de Gilberto Chateubriand, que recentemente doou à Pinacoteca do Estado uma sonatina e um tríptico, do diplomata Joaquim Paiva e em acervos institucionais da Europa (Fondation Cartier pour l'Art Contemporain e Maison Européenne de la Photographie, entre outras). Estas coleções deram origem às exposições póstumas no MAM do Rio de Janeiro ( Corpus, 2003) e na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre ( Alair Gomes: um voyeur natural, 2008). Em São Paulo, o Museu da Imagem e do Som (MIS) realizou em meados da década de noventa uma grande mostra individual curada por Ivo Mesquita e composta pelo extenso acervo do artista pertencente à coleção Chateaubriand. Com 'A New Sentimental Journey,' (Uma Nova viagem Sentimental) reafirma-se o reconhecimento a uma das obras mais instigantes e originais já produzidas por um dos maiores artistas brasileiros reconhecido internacionalmente.

ALAIR GOMES
Nascido em 1921 na cidade fluminense de Valença, aos 23 anos, Alair Gomes forma-se em Engenharia Civil, mas sua curiosidade e desenvolvido seu aparato intelectual logo o levariam a diversas outras áreas do conhecimento. Aos 25 funda, com o poeta Marcos Konder Reis (1922-2001) e outros amigos, a revista literária Magog. Em 1948, abandona de vez a Engenharia para se dedicar aos estudos de física, matemática, biologia, filosofia e neuropsicologia. Torna-se professor do Instituto de Biofísica no fim da década de 50 e em 62 parte para um ano de pesquisas na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, graças a uma bolsa concedida pela fundação Guggenheim.

A partir dos anos 60, começa a se dedicar regularmente à crítica de arte e à fotografia. Passa, então, a fotografar obsessivamente os jovens rapazes freqüentadores das praias cariocas, empunhando a câmera na areia ou posicionando-se, como um voyeur, na janela de seu apartamento em Ipanema. Foi dali que, usando poderosas teleobjetivas, Alair capturou grande parte das imagens sequenciais que deram origem às famosas sonatinas.

Entre 1967 e 1991, registra sistematicamente o carnaval carioca, sempre com uma abordagem homoerótica. De 1977 a 1979, atua como coordenador de fotografia da EAV- Escola de Artes Visuais do Parque Lage.

Em 1992, morre vitima do objeto de seu próprio fascínio: é assassinado pelo jovem e belo segurança de uma loja de discos em Ipanema, com o qual mantinha um romance.

MIGUEL RIO BRANCO
Nascido em Las Palmas de Gran Canaria, Espanha. É pintor, fotógrafo e diretor de filmes. Realizou seus estudos no New York Institute of Photography em 1968 e na Escola de Desenho Industrial do Rio de Janeiro. Como fotógrafo desenvolve um trabalho de caráter documental de forte carga poética. Reconhecido como um dos melhores fotojornalistas do mundo, é correspondente da Magnum Photos desde 1980. Ganhador dos principais prêmios do ramo, tem diversos livros publicados sobre seu trabalho fotográfico e obras em importantes coleções: Centre Georges Pompidou, de Paris Stedelijk Museum de Amsterdam, Metropolitan Museum, de Nova York e Museu de Arte de São Paulo entre outros.


SERVIÇO: "A New Sentimental Journey" - Alair Gomes
Local: Galeria Bergamin
Rua Rio Preto, 63 nos Jardins - São Paulo - SP
Período: 15 de março a 09 de Abril de 2010 Segunda a Sexta, 11h às 19 h
Entrada Franca
E-mail: sp@bolsadearte.com | www.bolsadearte.com

Nenhum comentário: