Fotógrafa publica livro com seleção de imagens
captadas ao longo de 25 anos
Na era das selfies, em que uma foto pode ser apagada com um toque,
não deixa de ser uma emoção quando um fotógrafo experiente reúne seus retratos
em livro. O suporte mais clássico e, até segunda ordem, “eterno”, é o preferido
da fotógrafa gaúcha, radicada em Curitiba, Ana Barrios. Em “Retratos”, que será
lançado no próximo dia 25, às 19 horas, na Livraria Arte & Letra, ela reúne
uma série de 60 imagens captadas ao longo de 25 anos. São pessoas de seu convívio,
desconhecidos e cães. Com apresentação da fotógrafa Lina Faria, a obra bilíngue
foi produzida com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura no formato 20
x 20.
O livro elabora uma
declaração poética e estética, enfatizando a linguagem visual, que explora as
possibilidades do retrato fotográfico como forma de expressão artística. “Me
atenho muito à questão do tempo na fotografia, que congela uma fração de
segundos em que se pode admirar os detalhes e eternizar o fugaz. Num retrato
isso é ainda mais incrível. E no livro é mais fácil observar essa sequência”,
diz Ana, que tem entre suas referências o fotógrafo franco-americano Elliot
Erwitt, um mestre da fotografia em preto e branco, e o fotojornalista Juan
Esteves.
Luis Lopes e Chico. |
O gênero intenso,
íntimo e provavelmente o mais popular da fotografia ainda exerce uma grande
atração, segundo a fotógrafa Lina Faria. “A busca do retrato é a busca do
fotógrafo no fotografado, o espelho. No trabalho da Ana vejo claramente em
suas fotos o tipo de sua relação com a pessoa. Não é acidental. É a síntese de
toda uma leitura”, diz Lina, que faz um contraponto com a instantaneidade do
auto-retrato digital. “A selfie é o fast food do retrato. A imagem rápida,
que pode ser apagada também de forma rápida, sem nenhum compromisso ou culpa,
se não for do gosto da pessoa.”
As fotos, produzidas
entre 1990 e 2015, são na grande maioria em preto e branco e captam momentos
espontâneos dos personagens, alguns conhecidos artistas, atores, chefs; outros
anônimos, que se entregam igualmente ao olhar sensível e despretensioso de Ana.
Nada parece programado ou posado. A naturalidade, a essência e a beleza do
momento aparentemente banal é o que salta aos olhos.
Filha de uruguaios e
natural de Porto Alegre, Ana Barrios mora em Curitiba desde o final da década
de 80, quando cursou Pintura na Escola de Música Belas Artes (Embap) e foi
estagiária do MIS (Museu de Imagem e do Som) ainda sob direção de Valêncio
Xavier. É de sua autoria o livro “Traços de Luz”, em que registra a dinâmica do
trabalho da artista plástica Leila Pugnaloni. A obra, que traz o último texto
assinado por Manoel Karam, foi lançada pouco antes de sua morte do escritor, em
2007. A paixão pela fotografia vem desde a época da faculdade, quando Ana ganhou
sua primeira câmera, uma Canon FT-b do pai, Julio Barrios. O pai percebeu o
talento da filha ao ver revelada em uma foto feita por ela uma escultura do
lado de fora do Hotel Carrasco em Montevidéu que ele nunca havia “visto” antes.
Julio faleceu durante o processo do livro, que é dedicado a ele. Um retrato seu
de 2013 abre a publicação.
Livro: Retratos, de Ana Barrios
Lei Municipal de Incentivo à Cultura
Patrocínio: Ceasa, BTG Viagens e BTG Hoteis & Resorts
Noite de autógrafos
25 de Fevereiro às 19 horas
Livraria Arte &
Letra – Al. Pres. Taunay, 130, Batel - Curitiba.
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