segunda-feira, 8 de agosto de 2016

BRASIL S/A, DE MARCELO PEDROSO, ESTREIA NESTA SEMANA DE AGOSTO


Terceiro longa-metragem de Pedroso é uma ficção que levanta debate sobre
as configurações políticas e socioeconômicas do País

Vencedor de cinco prêmios no 47° Festival de Brasília (2014) - Melhor Direção, Melhor Montagem, Melhor Som e Melhor Trilha Sonora - e selecionado para o 65° Berlinale (Festival internacional de Cinema de Berlim), Brasil S/A entra em cartaz a partir de 11 de agosto, em 18 cidades de todas as regiões do País.
O l47° Festival de Brasília conta a história de um cortador de cana que tem sua vida totalmente transformada a partir da chegada das máquinas e do progresso, ou a história de um país que virou empresa. Uma obra que, por diversos motivos, alguns intencionais e outros acidentais, não se encerra nela mesma e desperta no público o desejo de debater com profundidade sobre o país. Entre as inquietações do diretor abordadas no filme estão o desenvolvimentismo, o colapso urbano, a verticalidade, o progresso e o meio ambiente.
Brasil S/A foi idealizado, filmado e lançado num intervalo de tempo em que grandes acontecimentos e reviravoltas tem transformado a realidade política e econômica do país com enorme velocidade. O filme foi concebido na época em que o Brasil alcançou a posição de 6economia mundial e o crescimento econômico encantava a população. Naquele momento, os brasileiros assistiam, maravilhados e apáticos, à realização do sonho de estar entre os maiores do mundo. Já na fase de filmagem, observou-se os primeiros movimentos de contestação ao governo e as polêmicas manifestações de junho de 2013, que chegaram a unir num mesmo protesto a extrema esquerda, a direita e os não-politizados. Finalmente, há o momento em que o filme está sendo lançado, a fase de instabilidade e instantaneidade político-econômica que vivemos hoje.
O filme trabalha uma ideia de torpor provocado pelo consumo, pelo trabalho, pela religião, pelas máquinas; enfim, retrata o delírio fabulatório de uma nação extasiada com o próprio progresso.”, explica Pedroso, que roteirizou e dirigiu Brasil S/A.

Em Brasil S/A não há diálogos. Trata-se de uma intensa experiência de imagens e sons conduzidas pela imponente trilha sonora original que, por muitas vezes, assume o protagonismo, contribuindo com a construção da narrativa, seja pelo tom, seja pelo discurso. De papel fundamental no filme, a trilha foi inteiramente criada pelo músico especializado em cinema Mateus Alves, que compôs desde peças orquestrais até um baião e um rap. As peças orquestrais foram gravadas na histórica Igreja N. Sra. da Graça (Seminário de Olinda) pela Cinemorquestra Pernambuco, formada especialmente para o filme, contando com 25 músicos e musicistas sob a regência do maestro José Renato Acciolly. A grandiloqüência da trilha está ligada à gênese do próprio filme: a ideia de um país-potência econômica que se insurge, conta o diretor.

Na estreia do filme no Recife, em 11 de Agosto, haverá uma sessão especial com execução da trilha sonora ao vivo, com 35 músicos, no histórico cinema São Luiz.

Brasil S/A apresenta uma estética exuberante, com imagens precisas, tão grandiloquentes e harmônicas quanto sua música. A coreografia dos movimentos é uma das maiores particularidades do filme. Propositalmente e vertendo para a ironia, imagens ‘perfeitas’ acabam por funcionar como uma crítica a vídeos de empresas ou de propaganda de Governos, que normalmente se prestam a vender uma utopia, um mundo ideal, livre de conflitos ou contradições. São, portanto, imagens que instalam uma certa desconfiança,  ao mesmo tempo invertendo seu efeito, evocando o espetáculo contra o espetáculo, completa Pedroso.

O filme conta com Fotografia de Ivo Lopes Araújo (Tatuagem; Campo Grande), Direção de arte de Juliano Dornelles (AquariusO Som ao Redor) produção de Livia de Melo e distribuição daInquieta Cine.

Brasil S/A é um filme delicado no aspecto de produção. Durante a filmagem, enfrentamos situações inusitadas diante de um orçamento enxuto: um balé de máquinas de grande porte, locações grandiosas, hasteamento de uma bandeira de mais de 20 metros. Para executar essas cenas delicadas, contamos com um planejamento longo e dedicação de toda a equipe afirma Livia de Melo, produtora do longa.

Produzido pela Símio Filmes, em parceria com a Vilarejo Filmes, o longa foi realizado com o incentivo do Governo de Pernambuco através do Edital do Audiovisual-Funcultura e apoio dos  Estúdios Quanta, Portomídia, Agrovalle e Hyundai.


SINOPSE
No Brasil dos últimos 500 anos, Edilson esteve cortando cana-de-açúcar. Um dia, as máquinas chegaram e ele deixou o corte para se engajar em sua primeira missão espacial. Um pequeno passo para ele, um salto enorme para o Brasil.

O DIRETOR
Além de BRASIL S/A, Marcelo Pedroso dirigiu os longas-metragens “Pacific” e “KFZ-1348” - este em parceria com Gabriel Mascaro. Lançado em 2009, “Pacific” circulou por mais de 30 festivais de cinema nacionais e estrangeiros, integrou espaços como a Bienal de São Paulo e o Panorama Contemporâneo de Arte Brasileira no MAM-SP e recebeu oito prêmios de melhor filme, sendo considerado como um dos mais importantes documentários brasileiros da época. “KFZ-1348” circulou entre cerca de 20 festivais de cinema, com destaque na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo - Prêmio Especial do Júri. Entre os curtas-metragens que dirigiu, estão os também premiados “Em trânsito” e “Câmara Escura”. Jornalista de formação e doutorando em cinema, Pedroso dedica-se também a atividades pedagógicas, realizando cursos e oficinais por todo o Brasil.

FICHA TECNICA
Brasil / PE, 2014, 71 min, Ficção
Categoria: Ficção
Classificação indicativa: 10 anos.


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