Mostra de Cinemas Africanos traz a São Paulo 24 filmes de 14 países do continente no CineSesc – De 10 a 17 de Julho - Gratuito
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Evento
promove janela de exibição da cinematografia africana contemporânea no
Brasil, com diversos títulos inéditos no país. Em sua quarta edição,
chega ao CineSesc em julho de 2019.
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A Mostra de Cinemas Africanos,
com curadoria de Ana Camila e Beatriz Leal, entra em sua quarta edição,
desta vez no CineSesc em São Paulo, de 10 a 17 de Julho. Durante uma
semana, o público poderá conferir uma cuidadosa seleção de filmes
africanos e afrodiaspóricos reconhecidos em grandes festivais e
respaldados pela crítica e públicos internacionais.
Com o
objetivo de mostrar a explosão de riqueza, criatividade e diversidade na
última década de uma cinematografia com um pouco mais de meio século de
vida, a Mostra reúne 23 títulos procedentes de 14 países, com atenção
especial à produção contemporânea. A maioria dos filmes é inédita no
Brasil ou em São Paulo, chance rara de assistir a importantes produções
que circularam em grandes festivais e talvez nunca cheguem ao circuito
comercial do Brasil. Ao total, são 15 longas e 9 curtas de ficção e
documentário projetados no CineSesc.
A sessão de abertura contará com o longa-metragem Supa Modo,
do diretor queniano Likarion Wainaina, uma produção Quênia/Alemanha.
Por sua delicadeza, ternura e maestria narrativa, é favorita do público
internacional por sua declaração de amor ao cinema através da história
de uma garota de nove anos com uma doença terminal que sonha em ser uma
super-heroína. A sessão acontece em parceria com o Goethe-Institut, no
dia 10 de julho, às 20h30, com entrada gratuita.
A Mostra de
Cinemas Africanos se estabelece como um evento itinerante que coloca o
Brasil na rota de circulação dos cinemas produzidos na África e sua
diáspora. O evento possibilita que o público brasileiro acompanhe
anualmente os lançamentos da cinematografia do continente e que crie
repertório sobre ela. Nesta edição em São Paulo, a Mostra ganha um
catálogo com apresentação dos filmes e debates com especialistas de
renome internacional, sendo mais uma forma de incentivar a produção de
conhecimento sobre um cinema inovador, original e com narrativas as mais
diversas.
CURADORIA DESTACA PROTAGONISMO FEMININO
A
proeminência das mulheres na programação da Mostra reflete o crescimento
exponencial no século 21 de filmes realizados por mulheres na África e
na diáspora. As jovens diretoras africanas dominam gêneros tão
heterogêneos como a comédia adolescente (Kasala!, da nigeriana Ema Edosio), a ficção científica afrofuturista (Afronautas, de Nuotama Bodomo, e Pumzi, de Wanuri Kahiu), o curta-metragem poético (Irmandade, da tunisiana Meryam Joobeur), o ensaio autobiográfico (Lua Nova, de Philippa Ndisi-Hermann) ou o melodrama experimental (Ame Quem Você Ama, da sul-africana Jenna Bass).
Outras
cineastas optam por usar o cinema como ferramenta de denúncia e espaço
de abertura de diálogo, sem deixar de lado o entretenimento. É o caso do
último trabalho de Wanuri Kahiu, Rafiki, que apresenta através de uma história de amor lésbico a perseguição à comunidade LGTBQI no Quênia; de Sofia
(de Meryen Benm’Barek-Aloïsi) um melodrama social centrado na situação
vulnerável da mulher violentada no Marrocos (ganhadora em Cannes do
Prêmio de melhor roteiro no Un Certain Regard), ou o poderoso documentário sobre a força do ativismo para se opor a práticas de extração neocoloniais na Libéria (A Luta de Silas, de Hawa Essuman e Anjali Nayar).
HOMENAGEM A DJIBRIL DIOP MAMBÉTY
Em
reconhecimento aos pioneiros dos cinemas africanos, serão projetados
dois longas de ficção do senegalês Djibril Diop Mambèty (1946-1998), tio
de Mati Diop, primeira diretora africana negra a competir pela Palma de
Ouro no último Festival de Cannes. De Mambéty, autor iconoclasta,
irreverente e controverso, Touki Bouki (1973) e Hyènes
(1992) são dois clássicos universais que serão exibidos em cópias
recentemente restauradas e que ainda hoje ressoam por seus temas,
mensagens e estilos cinematográficos.
ATIVIDADES PARALELAS
Durante uma
semana, a Mostra de Cinemas Africanos promoverá quatro sessões
comentadas, sempre com especialistas e críticas de cinema. Receberemos
as pesquisadoras Lúcia Monteiro, Kênia Freitas, Alessandra Meleiro e
Jusciele Oliveira, que mediarão bate-papos com a plateia de filmes
selecionados (ver programação). Teremos também uma edição do Cinema da
Vela, onde as curadoras Ana Camila e Beatriz Leal, acompanhadas de Lúcia
Monteiro e Jusciele Oliveira, conversarão sobre a desconstrução de
estereótipos nos cinemas africanos contemporâneos. Pesquisadora e
curadora de diversos festivais no mundo, Beatriz Leal oferecerá também o
curso “Cinemas Africanos em Perspectiva”, com o objetivo de
contextualizar esta cinematografia para o público interessado.
NARRATIVAS URBANAS, IMAGINÁRIOS OUTROS E CULTURAS DIVERSAS
Com uma
curadoria que ressalta a diversidade de gêneros e formatos dos cinemas
africanos, a Mostra destaca em sua programação as experiências do
cotidiano em grandes cidades africanas, absorvidas por culturas diversas
que criam imaginários outros do continente através do cinema, com
inovação e originalidade.
Servindo-se
dos meios da poderosa indústria de cinema sul-africana, Michael Mathews e
o nigeriano radicado na África do Sul Akin Omotoso nos estimulam a
pensar sobre os caminhos da sociedade sul-africana pós-apartheid. O
primeiro com uma estimulante alegoria em formato western (Five Fingers for Marseilles, Michael Matthews,) e o segundo através de um drama baseado em histórias reais de pessoas em situação de rua em Joanesburgo (Vaya,
de Akin Omotoso). Já na região do Magrebe, temos uma história íntima e
compassiva de um pai que reavalia sua vida ao se reencontrar com seu
filho que abandonou do outro lado do Mediterrâneo (Look at Me,
de Néjib Belkadhi). O longa, exibido no Festival de Berlim 2019, é um
bom exemplo da força da indústria cinematográfica da Tunísia.
Diante do
conjunto de heróis revolucionários de carne e osso que estiveram à
frente das independências na África, o imaginário atual dos jovens
africanos é composto por heróis dos quadrinhos e do cinema. Além de Supa Modo, outros filmes trazidos pela Mostra oferecem um panorama desses imaginários. Samantha Biffot nos revela, no documentário O Africano que Queria Voar,
o gabonês Luc Bendza, primeiro campeão negro de wushu da história. Sua
paixão pelo Kung Fu o levou a seguir os passos dos seus heróis na ficção
(Bruce Lee e Wag Yu) e voar para a China para realizar seu sonho e
acabar trabalhando com Jackie Chan nas telonas. O burquinense Cédric
Ido, residente na França, completa esse quadro de referências com o
instigante As Espadas, usando a linguagem das artes marciais para refletir sobre o futuro do planeta, também em uma perspectiva afrofuturista.
O papel da
música como ingrediente da identidade cultural e como espaço expressivo
íntimo e de interação social são os fios que unem os documentários Bakosó – O Afrobeats de Cuba e A Dança das Máscaras com o média-metragem Nora.
Coreógrafa e bailarina de fama internacional, Nora Chipaumire volta ao
seu país (Zimbábue) para compor um relato autobiográfico dançado, de
imensa força comunicativa. De Moçambique, país vizinho, A Dança das Máscaras
(Sara Gouveia) nos apresenta a Atanásio Nyusi, conhecido por sua
destreza na dança tradicional Mapiko e nos força a refletir sobre a
história do país desde a colonização. Bakosó, de Eli
Jacobs-Fantauzzi, nos coloca em contato com um novo estilo musical
afro-cubano que está dominando as ruas de Cuba, fruto da abertura
internacional do país e das possibilidades de conexão com a
ancestralidade africana.
Por fim, o
curta-metragem, formato inovador especialmente querido pela nova geração
de realizadores africanos, ocupa um lugar destacado na Mostra com duas
sessões temáticas: uma centrada no movimento do Afrofuturismo, e outra
sobre as histórias íntimas mulheres e homens jovens nas cidades
contemporânea da África e da diáspora. Estas novas vozes e narrativas de
juventude transmitem a pulsão de um continente onde a média da
população não chega aos 20 anos, e cuja explosão demográfica está apenas
começando.
SOBRE AS CURADORAS
Ana Camila (Brasil)
é natural de Salvador-BA, bacharel em Jornalismo pela Universidade
Federal da Bahia, mestre e doutoranda em Comunicação e Cultura
Contemporâneas pela mesma universidade. No mercado da cultura desde
2009, atua na área de planejamento estratégico em comunicação e no
desenvolvimento, criação, coordenação e execução de projetos culturais e
corporativos. Como pesquisadora, atualmente cursa o doutorado na UFBA,
onde estuda as narrativas do urbano nos cinemas africanos. Membro do
grupo de pesquisa Laboratório de Análise Fílmica, sua pesquisa tem foco
na relação entre CINEMA e CIDADE, tendo os cinemas da África como
objeto. Curadora parceira do Africa in Motion Film Festival (Escócia), idealizadora e curadora da Mostra de Cinemas Africanos (Brasil).
Beatriz Leal Riesco (Espanha)
é pesquisadora, professora, crítica e curadora especializada em arte e
cinema contemporâneos da África, Europa e Oriente Médio. Combina seu
trabalho como conferencista e professora com a escrita jornalística e
acadêmica em publicações como El País, Cinema Journal, Secuencias,
Caracteres, Ars Magazine, Asymptote, Hyperion, Rebelión, Okayafrica y
Écrans. Com residência entre os EUA e a Europa, desde 2011 é
programadora do New York African Film Festival e África Imprescindible
(Espanha). Co-fundadora do Wallay Festival de Cinema Africano de
Barcelona (2018), já foi júri em vários festivais internacionais de
cinema. Como curadora independente já trabalhou com centros de arte
contemporânea reconhecidos internacionalmente como Artium, Azkuna
Zentroa, CCCB, Tabakalera, MUSAC, e La Virreina Centre de La Imatge,
assim como para cinematecas como Filmoteca de Navarra, Filmoteca
Española, Filmoteca de Catalunya, entre outras.
SERVIÇO: Mostra de Cinemas Africanos - Edição São Paulo
de 10 a 17 de Julho de 2019
CineSesc São Paulo (Rua Augusta, 2075)
Mais informações: www.facebook.com/mostradecinemasafricanos
PROGRAMAÇÃO
10 de Julho (quarta-feira)
20h30- Supa Modo
(entrada gratuita)
11 de Julho (quinta-feira)
15h- Nora + Bakosó - Afrobeats de Cuba
17h- A Dança das Máscaras + debate com Jusciele Oliveira
19h- Ame Quem Você Ama
19h- CURSO Cinemas Africanos em Perspectiva (dia 01)
21h- Rafiki
12 de Julho (sexta-feira)
14h30- Vaya
17h- Silas
19h- Olhe pra mim
19h- CURSO Cinemas Africanos em Perspectiva (dia 02)
21h- Kasala!
13 de Julho (sábado)
15h- Sessão de curtas “Narrativas Urbanas”: Koka, O Açougueiro; O Rei do Mercado; Pela Ternura
17h- Irmandade + Lua Nova
19h- Nora + Bakosó - Afrobeats de Cuba
21h- Sofia + debate com Alessandra Meleiro
14 de Julho (domingo)
14h30- As Espadas + O Africano que Queria Voar
16h30- Sessão de curtas “Afroturismo”: Pumzi, Afronautas, Gagarine, As Espadas + debate com Kênia Freitas
18h30- Cinco Dedos por Marselha
21h- Olhe pra mim
15 de Julho (segunda-feira)
15h- Supa Modo
17h- Kasala!
19h- Sofia
21h- Touki Bouki + debate com Lúcia Monteiro
16 de Julho (terça-feira)
15h- Silas
17h- A Dança das Máscaras
19h- Irmandade + Lua Nova
19h30 - Cinema da Vela
21h- Cinco Dedos por Marselha
17 de Julho (quarta-feira)
14h30- Vaya
17h- Ame Quem Você Ama
19h- As Espadas + O Africano que Queria Voar
21h- Hienas.
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terça-feira, 25 de junho de 2019
MOSTRA DE CINEMAS AFRICANOS NO CINESESC EM JULHO
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