Após
feito histórico para o cinema brasileiro este ano em Cannes, com o
prêmio de Melhor Filme da mostra Un Certain Regard, longa-metragem
produzido por Rodrigo Teixeira segue forte em sua carreira no exterior
com a conquista do CineCoPro Award, no Festival de Munique, destinado à melhor coprodução do cinema alemão com outros países
Com
estreia marcada para o dia 31 de outubro, longa traz no elenco Carol
Duarte, Julia Stockler, Gregorio Duvivier, Bárbara Santos, Flavia
Gusmão e participação especial de Fernanda Montenegro
No intervalo de pouco mais de um mês, o longa-metragem ‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’, de Karim Aïnouz, acaba de levar outro importante prêmio internacional. Após a conquista do Grand Prix de Melhor Filme na mostra Un Certain Regard de Cannes – a primeira vez que um
filme brasileiro recebeu o prêmio máximo na categoria – no fim de maio
deste ano, o projeto foi contemplado nesta sexta-feira com o também
inédito CineCoPro Award no Filmfest München (o segundo
festival de cinema mais prestigiado da Alemanha depois da Berlinale),
que confere à melhor coprodução local com países estrangeiros uma
bonificação no valor de 100 mil euros.
Em cartaz no circuito comercial a partir do dia 31 de Outubro de 2019, ‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’é uma produção da RT Features, de Rodrigo Teixeira, em coprodução com a alemã Pola Pandora, braço de produção da The Match Factory, de Michael Weber e Viola Fügen, além da Sony Pictures Brasil, Canal Brasil e Naymar (infraestrutura audiovisual), e conta com o financiamento do fundo alemão Medienboard Berlin Brandenburg e do Fundo Setorial do Audiovisual/Ancine.
No
longa, Karim repete a parceria de sucesso com a produtora alemã –
iniciada em com ‘Praia do Futuro’ (2014) –, numa colaboração a longo
prazo que inclui um novo projeto, ainda confidencial, já em
desenvolvimento.
“É
o coroamento de uma colaboração de muitos anos com a Pola Pandora e The
Match Factory, que participaram do projeto desde o desenvolvimento do
roteiro, em parceria com a RT Features. Ao mesmo tempo, é fruto da
política de investimento do governo brasileiro no cinema nacional nos
últimos anos. Este tipo de premiação estreita os nossos laços de
colaboração com os alemães e gera uma renovação do cinema deles, além de
garantir um filme com potência e vitalidade em sua carreira
internacional, provando a sua universalidade”, comemora o diretor.
“Nesses
anos todos em que venho trabalhando com o mercado internacional sempre
percebi o valor criativo que cooperaçoes entre talentos de diferentes
pais trazem aos projetos. Os filmes nascem universais. E aos poucos na
RT começamos a investir em projetos de coproducoes oficiais, primeiro do
Brasil com Argentina, Uruguai e depois Chile. E agora com o filme do
Karim fizemos a primeira coprodução com a Alemanha dividindo a
nacionalidade. E receber esse prêmio do Festival de Munique me faz ainda
mais acreditar que o caminho para a produção é global e isso também
passa pelo cinema brasileiro”, completa Rodrigo Teixeira.
Além
de Cannes e Munique, o filme esteve nas seleções oficiais dos festivais
de Sydney, do Midnight Sun, na Finlândia, e de Karlovy Vary, na
República Tcheca, e será exibido no Transatlantyk Festival, na Polônia, e no Festival de Cinema da Nova Zelândia. E nas próximas semanas novos anúncios virão.
Livre adaptação do romance homônimo de Martha Batalha, o
longa já recebeu elogios de algumas das mais prestigiosas publicações
do segmento de cinema no mundo. Segundo David Rooney, do The Hollywood
Reporter – que relacionou o filme entre os 10 melhores do Festival de
Cannes –, “‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’ é um drama
assombroso que celebra a resiliência das mulheres, mesmo quando elas
toleramexistências combalidas”. O crítico ainda chamou a atenção para as texturas brilhantes, as cores ousadas e os sons exuberantes que servem para “intensificar
a intimidade do deslumbrante melodrama de Karim Aïnouz sobre mulheres
cujas mentalidades independentes permanecem inalteradas, mesmo quando
seus sonhos são destruídos por uma sociedade patriarcal sufocante”.
Já
para Lee Marshall, do Screen Daily, que também elegeu ‘A Vida Invisível
de Eurídice Gusmão’ como um dos filmes imperdíveis do festival, Karim
prova que o “eletrizante e emocionante” filme de época pode ser
apresentado de forma verdadeira e ao mesmo tempo ser um deleite. “Com
a forte reação crítica e o boca-a-boca que essa contundente e
bem-acabada saga familiar parece suscitar, é quase certo que o filme
viaje para além do Brasil e dos territórios de língua portuguesa”, prevê o crítico, que adverte: “É melhor você deixar um lenço separado para as cenas finais”.
O jornalista Guy Lodge, da Variety, por sua vez, afirma que o longa-metragem pode ser considerado “um forte concorrente do Brasil na corrida ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro”.
Sobre o filme:
Definido
pelo cineasta como um melodrama tropical, a obra apresenta nos papeis
principais duas jovens estreantes no cinema. Tanto Carol Duarte,
reconhecida por seu trabalho na TV aberta, como Julia Stockler,
experiente atriz de teatro, foram escolhidas após participarem de um
concorrido teste com mais de 300 candidatas. O elenco traz ainda
Fernanda Montenegro, como atriz convidada, Gregorio Duvivier, Bárbara
Santos, Flavio Bauraqui e Maria Manoella.
“Eu
trabalhei com um maravilhoso grupo de atrizes e atores. Eles são todos
muito diferentes, de diferentes gerações, diferentes registros de
atuação - e o desafio foi alcançar o mesmo tom, a mesma vibração”, conta
o diretor.
“Eu
fiquei profundamente tocado quando eu li o livro. Disparou memórias
intensas da minha vida. Eu fui criado no nordeste dos anos 60, numa
sociedade machista e conservadora, dentro de uma família matriarcal. Os
homens ou haviam indo embora ou eram ausentes. Numa cultura patriarcal,
eu tive a oportunidade de crescer numa família onde as mulheres
comandavam o espetáculo - elas eram as protagonistas”, recorda Aïnouz.
“O que me levou a adaptar ‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’ foi o
desejo de dar visibilidade a tantas vidas invisíveis, como as da
mulheres da geração da minha mãe, minha avó, das minhas tias e de tantas
outras mulheres dessa época. As histórias dessas personagens não foram
contadas o suficiente, seja em romances, livros de história ou no
cinema”, completa.
Segundo
o diretor, trata-se de um melodrama tropical porque a abordagem mistura
preceitos clássicos do gênero, mas com um olhar que busca se adaptar a
uma contemporaneidade brasileira.
“Eu
sempre quis fazer um melodrama que pudesse ser relevante para os nossos
tempos. Como eu poderia me engajar com o gênero e ainda torná-lo
contemporâneo e brasileiro? Como eu poderia criar um filme que fosse
emocionante como uma grande ópera, em cores florescentes e saturadas,
maior que a vida? Eu me lembrava de Janete Clair e das novelas lá do
início. Eu queria fazer um melodrama tropical filmado no Rio de Janeiro,
uma cidade entre a urbis e a floresta”, pondera.
A
colaboração de Rodrigo Teixeira com Karim começou nas origens do
projeto. Ao receber o manuscrito de Martha Batalha, o produtor pensou
imediatamente no diretor, não apenas pelo estilo de sua filmografia, mas
também pela interseção entre o livro e a história familiar do diretor,
onde observou a invisibilidade das mulheres conduzidas por uma geração
machista.
“Quando
eu li o livro eu pensei muito no Karim, tanto pela narrativa ter
relação com a história pessoal de vida dele, especificamente com o
momento que ele estava vivendo naquela época, e também porque o universo
me remetia muito a dois filmes dele: ‘O Céu de Suely’ e ‘Seams’,
o primeiro de sua carreira, ambos projetos que falam de mulheres
fortes, que lutam para sobreviver na nossa sociedade”, explica Teixeira.
“Além disso, há tempos Karim me dizia que gostaria de filmar um
melodrama, que queria realizar um longa que se aproximasse de
Fassbinder, de Sirk. E vi nessa história da Martha Batalha um potencial
melodrama a ser adaptado. Eu e Karim colaboramos há mais de 15 anos e
fazia tempo que estávamos buscando uma grande história para voltarmos a
fazer outro filme juntos”, continua o produtor.
As
irmãs Guida e Eurídice são como duas faces da mesma moeda – irmãs
apaixonadas, cúmplices, inseparáveis. Eurídice, a mais nova, é uma
pianista prodígio, enquanto Guida, romântica e cheia de vida, sonha em
se casar com um prínicpe encantado e ter uma família. Um dia, com 18
anos, Guida foge de casa com o namorado. Ao retornar grávida, seis meses
depois e sozinha, o pai, um português conservador, a expulsa de casa de
maneira cruel. Guida e Eurídice são separadas para sempre e passam suas
vidas tentando se reencontrar, como se somente juntas fossem capazes de
seguir em frente.
Com
roteiro assinado por Murilo Hauser, em colaboração com a uruguaia Inés
Bortagaray e o próprio diretor, o longa – ambientado majoritariamente na
década de 50 – foi rodado no Rio de Janeiro, nos bairros da Tijuca,
Santa Teresa, Estácio e São Cristóvão.
A
direção de fotografia é da francesa Hélène Louvart, que assina seu
primeiro longa brasileiro e acumula trabalhos importantes na carreira,
como os filmes ‘Pina’, de Wim Wenders; ‘The Smell of Us’, de Larry Clark; ‘As Praias de Agnes’, de Agnès Varda; e ‘Lázaro Feliz’, de Alice Rohwacher, entre outros. A alemã Heike Parplies, responsável pela edição do longa-metragem ‘Toni Erdmann’, da diretora Maren Ade, indicada ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, assina a montagem.
A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’, é
uma coprodução entre Brasil (Sony Pictures e Canal Brasil) e Alemanha
(Pola Pandora), na qual a empresa alemã The Match Factory é responsável
pelas vendas internacionais.
SINOPSE
Rio
de Janeiro, 1950. Eurídice, 18, e Guida, 20, são duas irmãs
inseparáveis que moram com os pais em um lar conservador. Ambas têm um
sonho: Eurídice o de se tornar uma pianista profissional e Guida de
viver uma grande história de amor. Mas elas acabam sendo separadas pelo
pai e forçadas a viver distantes uma da outra. Sozinhas, elas irão lutar
para tomar as rédeas dos seus destinos, enquanto nunca desistem de se
reencontrar.
FICHA TÉCNICA
Direção: Karim Aïnouz
Roteiro: Murilo Hauser
Co-roteiro: Inés Bortagaray e Karim Aïnouz
Baseado na obra homônima de Martha Batalha
Elenco:
Carol Duarte, Julia Stockler, Gregorio Duvivier, Bárbara Santos, Flávia
Gusmão, Antônio Fonseca, Flavio Bauraqui, Maria Manoella e participação
especial de Fernanda Montenegro.
Produtor: Rodrigo Teixeira
Co-produtores: Michael Weber e Viola Fügen.
Empresas produtoras: RT Features, Pola Pandora, Sony Pictures, Canal Brasil e Naymar.
Produtores
Executivos: Camilo Cavalcanti, Mariana Coelho, Viviane Mendoça, Cécile
Tollu-Polonowski, André Novis Produtor Associado: Michel Merkt
Diretora Assistente: Nina Kopko
Direção de Fotografia: Hélène Louvart (AFC)
Direção de Arte: Rodrigo Martirena
Figurino: Marina Franco
Maquiagem: Rosemary Paiva
Diretora de Produção: Silvia Sobral
Montagem: Heike Parplies (BFS)
Montagem de som: Waldir Xavier
Som direto: Laura Zimmerman
Música Original: Benedikt Schiefer
Mixagem: Björn Wiese
Idioma: Português
Gênero: Melodrama
Ano: 2019
País: Brasil
SOBRE O DIRETOR
Formado
em Arquitetura pela Universidade de Brasília, Aïnouz fez mestrado em
Teoria e História do Cinema pela Universidade de Nova York e participou
do Whitney Independent Study Program. Cineasta premiado e celebrado
mundialmente, roteirista e artista visual, realizou diversos
curtas-metragens, documentários e instalações. Dirigiu os
longas-metragens ‘Madame Satã’ (2002), ‘O Céu de Suely’ (2006), ‘Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo’ (2009, codirigido com Marcelo Gomes), ‘O Abismo Prateado’ (2011, produzido pela RT Features), ‘Praia do Futuro’ (2014), além do documentário ‘Aeroporto Central’ (2018). O próximo longa-metragem, ‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’, tem previsão de lançamento em novembro de 2019. Para a televisão, codirigiu com Sergio Machado a minissérie ‘Alice’,
filmada no Brasil e transmitida pelo canal HBO em 2008. Aïnouz é um dos
tutores do laboratório de roteiros do Porto Iracema das Artes em
Fortaleza e membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
SOBRE A RT FEATURES
Fundada
e dirigida por Rodrigo Teixeira, a RT Features é uma produtora nacional
e internacional de conteúdo cultural e entretenimento para cinema e
televisão, com base em São Paulo, Brasil, e escritório em Nova York, nos
EUA. Dentre outras produções, seu currículo conta com os
longas-metragens ‘O Cheiro do Ralo’ (2006), ‘O Abismo Prateado’ (2010), ‘Tim Maia’ (2014), ‘Alemão’ (2014), ‘O Silêncio do Céu’ (2016) e a série ‘O Hipnotizador’ (para a HBO Latin America em 2015).
No mercado internacional, a RT Features produziu os longas ‘Frances Ha’ (2013), ‘Love is Strange’ (2014), ‘Love’ (2015), ‘Mistress America’ (2015), ‘The Witch’ (2016), ‘Patti Cake$’ (2017) e o indicado ao Oscar ‘Call Me By Your Name’ (2017). Em 2018 a RT Features produziu o novo filme de James Gray, ‘Ad Astra’, e no Brasil o longa-metragem ‘A Vida Invisível de Eurídice Gusmão’, de Karim Ainouz, ambos com previsão de estreia em 2019.
Dedicada
a trabalhar com jovens e talentosos diretores desde a sua criação, a RT
Features formou uma joint venture com a Sikelia Productions, de Martin
Scorsese, com o objetivo de produzir filmes de cineastas emergentes em
todo o mundo. O primeiro longa-metragem desta parceria, ‘A Ciambra’, estreou na última edição da Quinzena dos Realizadores, e os próximos estão em fase de produção.
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