Conhecido
por seu cinema político, o cineasta grego Costa-Gavras volta ao seu
país para falar a crise da dívida da Grécia em 2015, em JOGO DO PODER,
o primeiro filme do diretor sobre sua terra natal desde “Z”, de 1969. O
roteiro, assinado por ele também, parte do livro de memórias do
ex-Ministro das Finanças Yanis Varoufakis, “Adultos na Sala: Minha
Batalha Contra o Establishment”, que é um personagem central no longa. O
filme amplia seu circuito, e estreou na passada quinta-feira, dia 26 de Agosto, nos cinemas de Maceió, Vitória, Porto Alegre, Brasília, Belo
Horizonte e Florianópolis. Sem
nunca se furtar de entrar em temas políticos e espinhos, e uma carreira
que incluis longas como “Estado de Sítio” (1972), “Missing: O
Desparecido” (1982), que lhe rendeu a Palma de Ouro e um Oscar de
roteiro adaptado, Costa-Gavras é o cineasta ideal para retratar a grande
crise econômica e política que assolou a Grécia em meados da década
passada. Em
entrevista ao site Cineuropa, o diretor disse que o interesse pelo tema
e o livro de Varoufakis surgiu pelo fato deste a fonte mais precisa
sobre o que aconteceu na Grécia e Europa durante os seis meses de crise.
“A intensão era salvar os bancos, e a Grécia acabou endividada. A
dívida é maior hoje do que dez anos atrás. Salvaram os bancos, e
destruíram o país.” Costa-Gavras
conta também que teve assessoria do próprio Varoufakis, a quem mostrou o
roteiro durante diversas fases da produção. O político foi fundamental
para compreender as questões técnicas e econômicas que são difíceis para
os leigos. Ao longo de pouco mais de duas horas, JOGO DO PODER acompanha
reuniões e discussões Eurogrupo que levaram meses, e resultaram na
imposição de políticas de austeridade pela troika europeia (a Comissão
Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional) ao
governo de Alexis Tsipras. Protagonista
do filme, Yannis, interpretado por Christos Loulis. Um economista, sem
experiência política, ele foi nomeado como Ministro das Finanças pelo
Syriza, uma coligação da esquerda radical que chegou ao poder em janeiro
de 2015. O Ministro vive, então, uma verdadeira saga para salvar a
Grécia, propondo uma reestruturação. Ao francês L’Artvues, o cineasta explicou que este é “um
filme sobre nós, europeus, mas também sobre a Europa e a crise grega.
Mostra como a Europa não se comportou de maneira consistente e solidária
em relação à crise grega, pedindo aos gregos que fizessem coisas
impossíveis. Isso é essencialmente o que o filme é, uma espécie de
tragicomédia que os gregos viveram e ainda vivem por dez anos e na qual a
Europa parece não estar muito interessada.” JOGO DO PODER estreou
fora de competição no Festival de Veneza de 2019, no qual Costa-Gavras
recebeu o prêmio pelo conjunto de sua obra. Na época do evento, a
revista portuguesa Comunidade Cultura e Arte escreveu: “Apesar da
complexidade do tema, [este] é um filme instigante, acessível, irónico
[...] e com momentos diríamos até engraçados para uma tragédia que ainda
afeta o quotidiano dos gregos, ‘um povo que sobrevive heroicamente’.” A revista do British Film Institute definiu o longa como “um drama muito humano a partir de um episódio doloroso da história europeia recente” JOGO DO PODER será lançado no Brasil pela Califórnia Filmes. Sinopse: Um
relato transparente sobre a agenda oculta da Europa expõe o que
realmente acontece em seus corredores de poder. Revelando as razões para
a crise na Grécia ter acontecido, foi travada uma das mais
espetaculares e controversas batalhas na história política. Mas a
verdadeira história do que aconteceu é quase inteiramente desconhecida,
principalmente porque grande parte dos verdadeiros negócios da União
Europeia ocorre a portas fechadas. |