Primeiro longa autoral da cineasta Karol Maia, produzido pelo Apiário Estúdio Criativo, com coprodução da Surreal Hotel Arts, busca honrar e reverenciar trabalhadoras domésticas |
Mãe Flor em AQUI NÃO ENTRA LUZ, de Karol Maia
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Na última quarta-feira, 17 de setembro, o público do 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro ovacionou AQUI NÃO ENTRA LUZ, primeiro longa da cineasta Karol Maia. O documentário, produzido pelo Apiário Estúdio Criativo, com coprodução da Surreal Hotel Arts, foi recebido com muita emoção pelo público presente. Karol Maia, que iniciou o projeto em 2017 pesquisando a arquitetura das senzalas e dos quartos de empregada nos estados que mais receberam mão de obra escravizada, contou que o filme foi se transformando junto com ela: “Chegou um momento que foi inevitável não assumir que eu tinha alguma coisa a ver com essa história. Esse filme começou com um olhar mais prático e frio sobre o quarto de empregada e hoje eu entendo que é um filme sobre amor. É um filme que conta a história do Brasil e acredito que também é uma forma de honrar e reverenciar essas mulheres”, disse a diretora antes da exibição. |
Miriam Mendes e Karol Maia em AQUI NÃO ENTRA LUZ |
A recepção calorosa ecoou na imprensa. Para Eduardo Moura, da Folha de S.Paulo, “mesmo tratando de temas pesados, o filme conseguiu despertar gargalhadas na plateia em certos momentos, tamanho era o carisma das personagens”. No Estadão, Luiz Zanin Oricchio destacou o caráter único de AQUI NÃO ENTRA LUZ em relação a outros filmes sobre o trabalho doméstico: “há um diferencial em relação a obras anteriores, muitas delas dirigidas por pessoas de classe média, pois aqui a narrativa é assumida por alguém diretamente atravessado por essa experiência”. Para o crítico, o envolvimento de Karol Maia é o que dá “toda uma tonalidade emocional ao filme”, transformando-o em algo visceral. A crítica especializada também ressaltou a delicadeza do gesto de escuta da diretora, ao buscar conhecer profundamente as personagens que compõem o documentário. Para Bruno Carmelo, do portal Meio Amargo, “‘Aqui Não Entra Luz’ se prova um documentário tão belo e humano quanto popular”, elogiando a forma como Karol cria um espaço seguro para que as personagens falem “sem lágrimas, nem furor”, resgatando memórias de dor, mas também de potência e alegria. Distribuído pela Embaúba Filmes, o longa reforça o potencial do cinema documental para provocar reflexões e para reposicionar as trabalhadoras domésticas como protagonistas da história do Brasil e de suas próprias histórias de vida. Para além da luta por melhores condições de trabalho, o filme lança luz sobre a beleza e a alegria dessas mulheres, sobre os laços familiares que constroem e os sonhos que realizam todos os dias. “Não é nenhuma novidade, mas as mulheres negras trabalhadoras domésticas sustentam esse país há séculos”, conclui a diretora. A partir do seu olhar como cineasta, Karol Maia revela que sustentar o país também é criar espaços para a micropolítica da vida: o cuidado com os filhos, os desejos íntimos, as pequenas conquistas e as celebrações que tornam suas trajetórias únicas. |
Sinopse Entre memórias pessoais e pesquisas históricas, uma cineasta, filha de uma trabalhadora doméstica, percorre quatro estados brasileiros historicamente marcados pela escravidão. Ao investigar como a arquitetura foi projetada para segregar corpos e sustentar hierarquias, ela encontra mulheres que enfrentam esse legado e lutam para que suas filhas possam sonhar outros destinos. |
Ficha técnica AQUI NÃO ENTRA LUZ (Brasil, 78’)
Produção: Apiário Estúdio Criativo Coprodução: Surreal Hotel Arts Direção e Roteiro: Karol Maia Produção Executiva: Paula Kimo Direção de Fotografia: Camila Izidio, Carol Rocha Direção de Fotografia Adicional: Wilssa Esser Direção de Produção: Paula Kimo Montagem: Cesar Gananian, Fer Krajuska Som Direto: Thais Nália, Lyn Santos Direção de Arte Adicional: Maíra Mesquita Mixagem de Som: Henrique Staino Finalização: Sem Rumo Projetos Audiovisuais Pesquisa: Isabella Santos, Suzane Jardim Distribuição no Brasil: Embaúba Filmes |
SOBRE A DIRETORA Karol Maia é cineasta e em sua direção constrói um olhar voltado para narrativas negras e periféricas. Aqui não entra luz, seu primeiro longa-metragem autoral, é uma investigação íntima sobre o trabalho doméstico no Brasil. Também dirigiu a série Helipa – Um autorretrato (Paramount), Mães do Brasil 2 (TV Globo) e Cartas marcadas (Warner Bros./ Discovery), entre outros projetos. |
SOBRE AS PRODUTORAS Apiario é um Estúdio Criativo de Belo Horizonte, fundado em 2011, formado por Fernanda Salgado, Fernando Cunha e Victor Dias. Atua na produção de filmes, documentários, animações e séries. Suas obras já foram exibidas em festivais como Havana, Toulouse, Guadalajara, Hamburgo, Tiradentes e na MTV Latam, entre outros. Entre os principais trabalhos realizados estão “Ana, en Passant” (2026, 80’), “Aqui não entra luz” (2025, 80’), “Onde Aprendo a Falar com o Vento” (2022, 26’) e “Balanços e Milkshakes” (2011, 9’). Surreal Hotel Arts: Produtora signatária do Pacto Global da ONU por suas políticas de sustentabilidade e inclusão, fundada em 2020, a Surreal destaca-se em publicidade e branded content, com mais de 70 filmes produzidos e diversos prêmios. Em 2023, expandiu sua atuação para o cinema sob a liderança de Julia Bock, produtora de filmes como “Elena”, da diretora indicada ao Oscar Petra Costa, com passagem pela Paramount, onde coordenou séries como "Anderson Spider Silva”, indicada ao Emmy em 2024. Com foco em projetos inovadores e de impacto em todas as regiões do Brasil, a empresa tem coproduções com Porta dos Fundos, Ashé Ventures (Viola Davis), Promenade (Portugal), entre outras.
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SOBRE A EMBAÚBA FILMES A Embaúba Filmes é uma distribuidora especializada em cinema brasileiro, criada em 2018 e sediada em Belo Horizonte. Seu objetivo é contribuir para a maior circulação de filmes autorais brasileiros. Ela busca se diferenciar pela qualidade de seu catálogo, que já conta com mais de 50 títulos, investindo em obras de grande relevância cultural e política. A empresa atua também com a exibição de filmes pela internet, por meio da plataforma Embaúba Play, que exibe não apenas seus próprios lançamentos, como também obras de outras distribuidoras e contratadas diretamente com produtores, contando hoje com mais de 500 títulos em seu acervo, dentre curtas, médias e longas- metragens do cinema brasileiro contemporâneo. |
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