Combinando fantasia e drama social, CARRO REI,
novo longa de Renata Pinheiro (“Amor, Plástico e Barulho”), terá sua
primeira sessão no país durante a 49o edição do Festival de Cinema de
Gramado, que acontece entre 13 e 21 de agosto. “Fazer a estreia
brasileira no Festival, este ano, vem com a sensação de participar de um
importante momento histórico. 2021 é um ano em que estamos lutando
contra dois males que assolaram o mundo, a pandemia de Covid-19, e a
política devastadora da extrema-direita. Este é um filme que utiliza o
gênero fantástico para tratar de assuntos duros e urgentes. O longa,
além de conter outras facetas, é a minha forma de tentar digerir os
fatos recentes que ocorreram no Brasil desde 2013. O Festival de
Gramado, nascido em 1973, certamente também precisou digerir o caminho
tortuoso que a história brasileira já fez e se impor como algo
importante e fundamental para o país. Mostrar anualmente um recorte da
produção cinematográfica brasileira é uma atitude política. Com a
pandemia, sua parceria com o Canal Brasil ampliou ainda mais seu
público. Nós que fizemos o CARRO REI estamos muito felizes em participar desta resistência”, declara a cineasta. O
filme fez sua estreia mundial no Festival de Roterdã, em fevereiro
passado, vem participando de diversos festivais ao redor do mundo e
colheu diversos elogios. A revista on-line Slant destacou a performance
de Nachtergaele, classificando-a como “extraordinária”. Carlos Alberto Mattos, na Carta Maior, disse que “não
faltaram coragem e capacidade de invenção a Renata Pinheiro e sua
equipe. [...] A direção de arte transborda criatividade, o aparato de
luz e cores é estimulante, e o som faz um espetáculo à parte com seus
hibridismos de voz e ronco de motor.” Já o jornal português Público apontou o filme como “Christine vai a Caruaru e Antonioni ao sertão”
– em referência ao clássico romance de terror de Stephen King, e ao
famoso cineasta italiano, conhecido pelos seus filmes de temática
existencialista. No
início dos anos 2000, o nascimento de uma criança dentro de um carro
0km recém saído da concessionária, provoca um evento fantástico. O bebê
cresce e se torna uma espécie de criança transumana que tem a habilidade
de se comunicar com carros. Ele é Uno da Silva (Luciano Pedro Jr). Uno
e o carro “crescem” juntos e são melhores amigos, ao lado de Zé Macaco,
seu tio, um mecânico de ideias pouco convencionais. Mas um acidente os
separa. A criança se torna um jovem ativista ambiental, afastando-se de
seu dom único e da tradição familiar. O carro é exilado junto com Zé
Macaco num ferro-velho desativado. Com roteiro assinado pela diretora, Sergio Oliveira e Leo Pyrata, CARRO REI
é um filme do gênero fantástico que aborda o transhumanismo, um
conceito que acredita no aumento das capacidades humanas através da
tecnologia. “O longa se passa em Caruaru, uma cidade média
brasileira onde a crise econômica está afetando a todos, especialmente a
classe trabalhadora. A ideologia de extrema direita, carregada de
falsas esperanças, está se espalhando com velocidade; e ela chega de
carro”, explica Renata, que define o longa como “um filme sobre luta de classes”. Para a diretora, em sua obra, “qualquer
coisa pode se transformar em personagem quando entende-se que a
linguagem visual tem o mesmo poder de comunicação que o diálogo falado.
Portanto, tento economizar palavras porque gosto mais quando a encenação
já é o bastante para a construção da narrativa do filme. Em CARRO REI
esses objetos inanimados, os carros, que já são presentes nos sonhos e
histórias pessoais da maioria dos brasileiros, são trazidos para a vida
real. Fazem parte da prole humana. E neste caso até ganham voz.” “Nesta
obra pude trabalhar com grandes colaboradores como Sergio Oliveira, um
premiado diretor e roteirista brasileiro com quem venho trabalhando
desde meu primeiro curta (“Superbarroco”), e com quem codirigi vários
filmes; Fernando Lockett, cinegrafista argentino com quem trabalho desde
meu primeiro longa (“Amor, Plástico e Barulho”); Matheus Nachtergaele,
um artista excepcionalmente versátil que conquistou uma reputação
formidável no Brasil e no exterior; Jules Elting (“O ornitólogo”), um
ator transgênero, não binário, da Alemanha de carreira sólida no teatro e
há alguns anos emergente no cinema internacional de arte. Foi incrível
também trabalhar com os atores jovens e talentosos Luciano Pedro Jr e
Clara Pinheiro”, conclui. CARRO REI será lançado no Brasil pela Boulevard Filmes. Sinopse curta - Uno
tem um dom fantástico: ele consegue se comunicar com carros. Quando uma
nova lei proíbe a circulação de carros velhos, e coloca a empresa de
táxi do seu pai em perigo, o rapaz busca orientação com seu melhor amigo
de infância, um carro de inteligência extraordinária. Junto com seu
tio, um mecânico inventivo, eles armam um plano para burlar a lei,
transformando carros velhos em “novos”. O carro renasce e seu nome é
Carro Rei - um carro que pode falar, pode ouvir, pode até se apaixonar.
Um carro que tem planos para todos. Ficha Técnica Direção: Renata Pinheiro Produção: Sergio Oliveira Produtora: Aroma Filmes Produção Executiva: Carol Ferreira, Sergio Oliveira Roteiro: Sergio Oliveira, Leo Pyrata, Renata Pinheiro Direção de Fotografia: Fernando Lockett Direção de Arte: Karen Araújo Edição: Quentin Delaroche Edição de Som/Mix: Guile Martins Trilha Original: Dj Dolores Diretor Assistente: Sergio Oliveira Preparação de Elenco: Raissa Gregori Casting: Marcelo Caetano Elenco Principal: Matheus Nachtergaele, Luciano Pedro Jr, Jules Elting, Clara Pinheiro, Adélio Lima, Ane Oliva Voz do Carro Rei: Tavinho Teixeira Gênero: fantasia, drama País: Brasil Ano: 2021 Duração: 97 min. Sobre Renata Pinheiro - RENATA
PINHEIRO é cineasta e artista brasileira. Graduada em artes visuais
pela UFPE, foi artista residente na John Moore University, Inglaterra; e
estudou no INA (Institut Nacional de L’Audivisuel), França. Partindo da
premissa da universalidade da linguagem visual, Renata tem como
característica de suas obras a criação de narrativas emocionais
elaboradas a partir de construções imagéticas ousadas e vigorosas. Em 2020 lança o curta MANSÃO DO AMOR na Mostra de Tiradentes. O curta é premiado com melhor direção no Bangalore Film Festival, Índia 2020. Em 2018, Renata, em codireção com Sergio Oliveira, estreou o longa AÇÚCAR
no IFFR (Festival de Roterdã, Holanda). Recebeu prêmio de Melhor filme
pelo júri da crítica no Festin Lisboa, Pt, 2018 (Festival de Cinema da
Língua Portuguesa). Seu primeiro longa, AMOR, PLÁSTICO E BARULHO
(2013), estreou no Festival de Brasília recebendo três prêmios. O filme
também foi exibido no IndieLisboa (Portugal) e ABRAFFTY Fest (Canadá),
onde ganhou os prêmios de melhor filme, melhor diretor, melhor atriz e
atriz coadjuvante. PRAÇA WALT DISNEY recebeu prêmio de melhor filme no San Diego Film Fest, EUA, além de mais de 50 prêmios em festival do mundo. SUPERBARROCO,
seu primeiro curta, estreou no Festival de Cannes - Quinzena dos
Realizadores, 2009, e recebeu mais de 45 prêmios ao longo da sua
carreira. Seu mais recente trabalho como diretora de arte foi para ZAMA,
de Lucrecia Martel, pelo qual ganhou diversos prêmios como Fênix e
Platino. Renata Pinheiro vive e trabalha em Recife, Brasil. Sobre a Boulevard Filmes - A
Boulevard Filmes é uma produtora e distribuidora audiovisual que busca o
equilíbrio entre projetos autorais e demandas de mercado, focando em
estratégias de produção e de distribuição compatíveis com cada projeto.
Entre seus lançamentos comerciais estão os longas “Amor, Plástico e
Barulho” (Renata Pinheiro), "Histórias que nosso cinema (não) contava"
(Fernanda Pessoa) , "Legalidade" (Zeca Brito), "Açúcar" (Sergio
Oliveira, Renata Pinheiro) e "Sol Alegria" (Tavinho Teixeira) este
último com previsão de lançamento para o segundo semestre de 2021 |
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