quinta-feira, 25 de agosto de 2011

ROBERTO FARIAS NA CINEMATECA DE CURITIBA

Roberto Farias apresenta na Cinemateca cópia restaurada de seu primeiro filme

Um dos principais nomes da história recente do cinema brasileiro, o cineasta Roberto Farias, estará na Cinemateca de Curitiba na próxima segunda-feira (29) para participar de um bate-papo após a exibição, às 20 horas, da cópia restaurada de seu primeiro filme, “Rico ri à toa”. O filme é de 1957 e foi recuperado pelo Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, como parte do projeto Volta às Telas. Além de Roberto Farias, participa do encontro a presidente do Centro de Pesquisadores, Myrna Brandão.

“Rico ri à toa” é um dos clássicos do cinema nacional e o filme de estreia de Roberto Farias como diretor. Trata-se de uma comédia que alcançou grande sucesso na época, mostrando o talento do diretor, da equipe de produção e do elenco. O longa tem cenas importantes para o período, inclusive conta com um raro registro de imagem da cantora Dolores Duran, uma das mais célebres da noite carioca, nos anos 50. Em um trecho do filme, Dolores Duran interpreta o número musical “Tião”. O filme será exibido na segunda-feira (29), em três sessões, às 15h45, 18h e 20h. Na sessão das 20h será exibida a cópia restaurada em película. Nas demais sessões, a exibição será em DVD.

No filme, Zé Trindade é um motorista de táxi com verdadeira paixão pelo seu automóvel. Em seus inúmeros trajetos tem o hábito de discutir com os passageiros. Um dia, a esposa e a filha recebem a visita de um advogado para entregar uma herança de 15 milhões com origem na morte de um parente desconhecido, em Portugal. Mas isso não passa de um golpe para encobrir o dinheiro do assalto a um banco, provocando inúmeros reviravoltas e situações engraçadas.

Política de cinema - Roberto Farias enaltece o trabalho realizado pelo Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, entidade com sede no Rio de Janeiro. “Ficou perfeito. Parece que foi filmado ontem”, diz o diretor, que realizou o seu último filme em 1987, mas não se afastou do meio cinematográfico. É presidente da Academia Brasileira de Cinema e acompanha atentamente a política de fomento da produção nacional.

Roberto Farias observa que, em termos de qualidade, o cinema brasileiro vai muito bem, mas falta ainda uma política que lhe garanta mais independência em relação aos incentivos fiscais. “Vejo que há um esforço grande em acertar, porém um gasto de dinheiro mal distribuído. Com os recursos hoje disponíveis no Brasil para fazer cinema, a indústria poderia ser mais sólida do que é”, afirma.

De acordo com o diretor, o cinema brasileiro vive de incentivos fiscais, mas não atrai recursos privados. “Uma organização melhor dos gastos poderia atrair a iniciativa privada e fazer com que o cinema começasse a prescindir dos benefícios fiscais”, acredita. Para Roberto Farias, o estímulo dado pelas leis de incentivo teve o seu lado bom. “A qualidade do cinema, dos cineastas, dos filmes, tudo isso está cada vez melhor. O problema é que a atual política não chegou a fazer com que o cinema atingisse também a sua maturidade econômica”, diz.
Filmografia - Diretor, produtor e distribuidor, Roberto Farias ficou mais conhecido por um outro clássico do cinema brasileiro, O assalto ao trem pagador (1962). Foi diretor geral da Embrafilme em sua fase áurea, entre 1974 e 1978. Nascido em 1932, em Nova Friburgo (RJ), começou sua carreira no início dos anos 1950 como assistente de direção da Atlântida e em algumas produções de Watson Macedo. Entre 1957 e 1960, realizou quatro longas: Rico ri à toa (1957), No mundo da lua (1958), Cidade ameaçada (1959) e Um candango na Belacap (1960).

Em 1964 dirigiu Selva trágica (1964), que teve sucesso de crítica. Com Toda donzela tem um pai que é uma fera (1966) estabeleceu um marco das comédias de costume carioca. Ao mesmo tempo em que, com Luiz Carlos Barreto, ajudou a fundar a Difilm distribuidora do Cinema Novo, dedicou-se também à sua própria produtora, a R. F. Farias, junto com seu irmão Riva Faria, e à Ipanema Filmes, uma usina de sucessos, como Os paqueras (1968), Roberto Carlos e o diamante cor de rosa (1968) e Roberto Carlos a 300 quilômetros por hora (1971), todos estes dirigidos pelo próprio Roberto Farias. Em 1973 realizou com Hector Babenco O fabuloso Fittipaldi.

Em 1981, dirigiu Pra frente Brasil, primeiro filme a falar explicitamente da tortura na ditadura militar, premiado nos festivais de Berlim e Huelva. Produziu ainda Azyllo muito louco (1968), de Nelson Pereira dos Santos, Os machões (1973) e Barra pesada (1977), ambos de seu irmão Reginaldo Faria, entre outros. Em cinema, seu filme mais recente foi Os trapalhões e o auto da Compadecida (1987). Nos últimos anos tem se dedicado à produção de minisséries e programas para televisão.

Serviço: Projeto Volta às Telas – Exibição da cópia restaurada do filme “Rico ri à toa” (1957), com a presença do diretor Roberto Farias e da presidente do Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro, Myrna Farias.
Local: Cinemateca de Curitiba – Rua Carlos Cavalcanti, 1.174 – São Francisco.
Data: 29 de agosto de 2011 (segunda-feira), às 20h. O filme será exibido também às 15h45 e 18h.
Entrada franca .

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